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Praça-forte de Peniche
A Praça-forte de Peniche localiza-se na cidade de mesmo nome, no distrito de Leiria, em Portugal.
Acredita-se que origem do topónimo Peniche possa derivar de Phenix, nome de uma antiga cidade na ilha de Creta, cuja configuração geográfica era semelhante à da primitiva ilha de Peniche. Vizinha ao cabo Carvoeiro, atualmente encontra-se a treze metros acima do nível do mar, ocupando uma península de 2.750 metros de comprimento, no sentido Oeste-Leste.
História
Antecedentes: o Castelo da Vila
À época da Independência de Portugal, Peniche era uma ilha, distante cerca de oitocentos passos do continente, fronteira à foz do rio de São Domingos.
O antigo lugar da Ribeira d’Atouguia, na foz desse rio, constituía-se num dos mais importantes portos portugueses da Idade Média, e em ponto-chave para acesso aos principais centros do país (Leiria, Óbidos, Santarém, Torres Vedras e Lisboa), nessa qualidade tendo estado envolvida em diversos episódios da História de Portugal.
A ação das correntes marítimas e dos ventos, com o passar dos séculos, levou ao assoreamento desse curso de água, vindo as areias a formar, progressivamente, um cordão de dunas que, consolidando-se, uniu a ilha de Peniche ao continente, fazendo desaparecer o porto de Atouguia.
Alvo constante de ataques de corsários ingleses, franceses e de Piratas da Barbária, o rei Manuel I de Portugal 1495-1521 encarregou o conde de Atouguia da elaboração de um plano para a defesa daquele trecho do litoral, que foi apresentado ao seu sucessor, João III de Portugal 1521-1557.
Os trabalhos foram iniciados pela construção, em 1557, do chamado castelo da vila, estrutura abaluartada concluído por volta de 1570, ao tempo do reinado de D. Sebastião 1557-1578.
Durante a Dinastia Filipina, foi em Peniche que as tropas inglesas, cedidas por Isabel I de Inglaterra, sob o comando de António I de Portugal, iniciaram a sua marcha sobre Lisboa Julho de 1589, na tentativa, infrutífera, de restaurar a soberania portuguesa.
Ainda nesse contexto, a povoação pesqueira foi elevada a vila 1609 tendo sido promovidos pequenos reparos nas suas muralhas.
A Guerra da Restauração e a fortificação abaluartada
No contexto da Guerra de Restauração da independência, o Conde D. Jerônimo de Ataíde prosseguiu as obras de fortificação de Peniche, sob projectos do engenheiro militar francês Nicolau de Langres e, posteriormente, do português João Tomaz Correia, estando concluídas por volta de 1645.
Esta fortificação era coadjuvada pelo Forte da Praia da Consolação e pelo Forte de São João Baptista das Berlengas, integrando um extenso sistema defensivo que, entretanto, revelou-se débil no contexto da Guerra Peninsular, diante da invasão napoleônica de 1807 sob o comando de Jean-Andoche Junot, quando entre o final desse ano e Agosto de 1808, permaneceu ocupada por tropas francesas. Na ocasião foram procedidos reparos nas suas defesas pelos invasores, que, entretanto, picaram as armas de Portugal sobre o portão principal. Ocupada por tropas inglesas sob o comando de William Carr Beresford, foram executados novos reparos nas defesas, o mesmo se repetindo sob o reinado de Miguel de Portugal 1828-1834, que culminaram na ampliação do perímetro defensivo. A fortificação teve, entretanto, uma débil atuação durante a Guerra Civil Portuguesa 1828-1834.
Em 1836, a Praça-forte viveu dois eventos funestos: o incêndio que destruiu completamente o chamado Palácio do Governador que não voltaria a ser recuperado e a explosão da pólvora armazenada em um dos paióis.
Neste século, diante da progressiva perda da sua função defensiva, as suas instalações passaram a ser utilizadas como prisão época das Invasões Napoleónicas e posteriormente, como prisão política época das Guerras Liberais, quer para liberais, quer para absolutistas. Teve utilização militar até 1897, tendo sido um dos seus últimos governadores, José Tomas de Cáceres filho.
Do século XX aos nossos dias
No alvorecer do século XX, foi utilizada como abrigo para os bôeres que se asilaram na então colónia portuguesa de Moçambique após a vitória inglesa na África do Sul. À época da Primeira Guerra Mundial 1914-1918, nela estiveram detidos alemães e austríacos, convertendo-se, durante o Estado Novo português 1930-1974, em prisão política de segurança máxima. A 3 de Janeiro de 1960 foi palco da espetacular "fuga de Peniche", protagonizada por Álvaro Cunhal, Joaquim Gomes, Carlos Costa, Jaime Serra, Francisco Miguel, José Carlos, Guilherme Carvalho, Pedro Soares, Rogério de Carvalho e Francisco Martins Rodrigues.
Em 25 de Abril de 1974, ao eclodir a Revolução dos Cravos, foi um dos pontos-chave dos revolucionários, passando a ser utilizada como abrigo para os retornados dos ex-territórios ultramarinos portugueses na África quando do processo de descolonização.
A partir de 1984 um dos três pavilhões passou a ser utilizado como Museu Municipal, exibindo material arqueológico, histórico e etnográfico renda de bilros, peças consagradas à pesca e à construção naval, destacando-se o chamado Núcleo da Resistência, a reconstituição do ambiente de uma prisão política do Estado Novo celas individuais e parlatórios. Neste último, os visitantes podem ver a cela onde esteve preso o secretário-geral do Partido Comunista Português Álvaro Cunhal e alguns dos seus desenhos a carvão, bem como o local por onde se evadiu em 1960. O museu é visitado anualmente por mais de 40 mil pessoas.
O Forte da Consolação encontra-se atualmente abandonado e em precário estado de conservação, sendo particularmente preocupante o estado das suas arribas, em processo de derrocada por ação da erosão marinha.
No ano de 2006 as dependências da fortaleza serviram como cenário para a dramatização do desembarque inglês de 1589, visando repor a verdade histórica sobre a popular expressão "os amigos de Peniche".
Em Setembro de 2008 a Enatur e o Grupo Pestana assinaram um acordo de exploração, com vista à construção uma Pousada de Portugal.
Em 12 de fevereiro de 2010 parte da muralha do Forte da Consolação desmoronou devido à violência da ressaca marinha naquela data.
Características
A Praça-forte é constituída por uma série de obras defensivas com estrutura abaluartada, com planta no formato de um polígono irregular estrelado, adaptado ao terreno. O perímetro amuralhado abrange uma área de cerca de dois hectares, nele se inscrevendo quatro portas - a das Cabanas, a Nova, a da Ponta e a de Peniche de Cima. O conjunto da fortificação divide-se em dois grandes setores:
- a norte,Peniche de Cima , dominado pelo Forte da Luz . No formato poligonal com baluartes nos vértices coroados por guaritas circulares, apresenta as canhoneiras no terrapleno , pelo lado do mar. Pelo lado de terra, protegendo o portão monumental, ergue-se um revelim triangular. O conjunto é integrado pelo chamado "Baluarte Redondo", pela "Torre de Vigia" e pela capela de Santa Bárbara.
- a sul, Peniche de Baixo, constituindo-se na Cidadela. Pelo lado do Campo da Torre, um revelim protege a entrada e a cortina da Cidadela, cuja defesa é complementada por um fosso. Cortinas e fossos adicionais protegiam o setor Oeste, bem como diversas canhoneiras, caminhos cobertos e esplanadas. Outras duas cortinas a Norte e os baluartes a Leste e a Oeste são acompanhados por várias construções de planta rectangular e pelas famosas prisões, dominadas por uma torre de vigia.
Galeria
Forte de São João Baptista das Berlengas
Forte de São João Baptista das Berlengas, ou simplesmente Fortaleza das Berlengas, localiza-se na ilha de Berlenga Grande, no arquipélago das Berlengas, integrando o conjunto defensivo de Peniche, no distrito de Leiria, em Portugal.
História
Antecedentes
A ocupação humana da Berlenga Grande única habitável remonta à Antigüidade, sendo assinalada como ilha de Saturno pelos geógrafos Romanos. Posteriormente foi visitada por navegadores Muçulmanos, Vikings, corsários Franceses e Ingleses.
Em 1513, com o apoio da rainha D. Leonor, monges da Ordem de São Jerónimo aí se estabeleceram com o propósito de oferecer auxílio à navegação e às vítimas dos freqüentes naufrágios naquela costa atlântica, assolada por corsários, fundando o Mosteiro da Misericórdia da Berlenga, no local onde, desde 1953, se ergue um restaurante. Entretanto, a escassez de alimentos, as doenças e os constantes assaltos de piratas e corsários Marroquinos, Argelinos, Ingleses e Franceses, tornaram impossível a vida de retiro dos frades, muitas vezes incomunicáveis devido à inclemência do mar.
O forte seiscentista
No contexto da Guerra da Restauração, sob o governo de D. João IV 1640-1656, o Conselho de Guerra determinou a demolição das ruínas do mosteiro abandonado e a utilização de suas pedras na construção de uma fortificação para a defesa daquele ponto estratégico do litoral. Embora se ignore a data em que as obras foram iniciadas, já em 1655, quando ainda em construção, resistiu com sucesso ao seu primeiro assalto, ao ser bombardeada por três embarcações de bandeira turca.
Em 1666, no contexto da tentativa de rapto da princesa francesa Maria Francisca Isabel de Sabóia, noiva de Afonso VI 1656-67, uma esquadra espanhola integrada por 15 embarcações intentou a conquista do forte, defendido por um efetivo de pouco mais de duas dezenas de soldados sob o comando do Cabo Antônio Avelar Pessoa. Numa operação combinada de bombardeio naval e desembarque terrestre os atacantes perderam, em apenas dois dias, 400 soldados em terra e 100 nos navios contra um morto e quatro feridos pelos defensores, sendo afundada a nau Covadonga e sériamente avariadas outras duas, afundadas no regresso a Cádiz. Traída por um desertor, sem mais munição e mantimentos, a praça finalmente se rendeu perdendo nove das peças da sua artilharia capturadas pelos invasores.
Ao tempo da Guerra Peninsular foi utilizada, como base de apoio pelas forças inglesas, numa campanha de guerrilha na qual colaborou ativamente a população de Peniche.
Posteriormente sofreu obras de restauração, com a reedificação da Capela em seu interior.
Durante a Guerra Civil Portuguesa 1828-1834, a fortaleza encontrava-se em mãos dos partidários de Miguel I de Portugal 1828-1834. Com deficiência de artilharia, entretanto, não resistiram diante do assalto dos liberais que a utilizaram como base para o assalto à cidadela de Peniche, reduto dos miguelistas.
Sem maior valor militar, diante da evolução dos meios bélicos no século XIX, foi desartilhada 1847 e abandonada passando a ser utilizada como base de apoio para a pesca comercial.
Do século XX aos nossos dias
Em meados do século XX foi parcialmente restaurada e aberta ao turismo adaptada como pousada. Actualmente funciona apenas como casa-abrigo, sob a gestão da Associação dos Amigos das Berlengas.
Características
O forte de planta no formato de um polígono heptagonal irregular orgânica. No terrapleno, pelo lado voltado para a ilha, apresenta a edificação principal com dois pavimentos, com doze compartimentos onde funcionavam as dependências de serviço Casa do Comando, Quartéis de Tropas, Armazéns, Cozinha e outros e mais oito compartimentos inscritos no interior das muralhas. Um corredor sem iluminação dá acesso internamente aos vários pontos da estrutura. Voltadas para o mar rasgam-se onze canhoneiras.
FONTE WIKIPÉDIA